sexta-feira, 16 de maio de 2008

VELHO OS 50! SÓ EM PORTUGAL

Houve tempos em que a idade, com o acréscimo de experiência, conhecimento e sabedoria que lhe está associado, era valorizada pela sociedade. Hoje, os velhos são encarados como um peso e um problema, a vários níveis e a várias dimensões, quer por parte das famílias, quer do Estado, quer das empresas.
O Estado, que na Europa inventou um generoso sistema para assegurar uma velhice digna a quem trabahou toda a vida, vê-se agora a palpos de aranha para cumprir os seus compromissos. Por muitas e diversas razões, sendo o mais importante o facto de a taxa da natalidade ter baixado de tal forma que a contribuição da população activa se foi tornando insuficiente para prover as reformas dos mais velhos.
Paradoxalmente, porém, esse mesmo Estado que enfrenta a ameaça de falência irremediável da segurança social, assume compromissos a que não está obrigado, como seja o de ajudar as empresas a renovarem os seus quadros através de reformas antecipadas. O Presidente da República se questionou no Fórum Gulbenkian à uma semana atrás, sobre a " obsessão" das empresas com o contínuo rejuvenescimento dos seus trabalhadores. E exprimiu dúvidas sobre se tal "obsessão" se traduzirá em ganhos efectivos de eficiência, ou contribuirá, ao invés, para um "défice de identidade, de cultura organizacional e, mesmo, de rentabilidade.
Ele sabe que a lógica dominante nestes processos de emagrecimento e rejuvenescimento mais não visa, na esmagadora maioria dos casos, do que substituir trabalhadores mais velhos e bem pagos por jovens inexperientes e mal pagos.
O progresso de uma sociedade também se avalia pela forma como ela encara e trata os seus velhos. Se, álem de os tratar mal, como sucede com tanta frequência, essa sociedade ainda se aplica a declará-los velhos antes do tempo, conferindo-lhes o estatuto de inúteis quando eles estão em perfeitas condições de dar o seu contributo, então a sociedade portuguesa desumaniza-se cada vez mais. E regride em vez de progredir.

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